Foi o que o pontífice afirmou nesta quinta-feira, ao receber em audiência os bispos da Ucrânia de rito latino, na residência pontifícia de Castel Gandolfo, por ocasião da qüinqüenal visita ‘ad limina apostolorum’, após o precedente encontro da segunda-feira passada, no qual também participaram bispos de rito oriental (greco-católicos).
A Ucrânia, país de mais de 46 milhões de habitantes, é em sua maioria ortodoxa, ainda que conta com uma importante comunidade católica de rito oriental, que sofreu uma duríssima perseguição na época do comunismo, e com comunidades católicas de rito latino.
‘Inclusive entre os católicos a colaboração nem sempre é fácil, dado que é normal que surjam sensibilidades diferentes, por causa também da diversidade das respectivas tradições’, reconheceu o Papa, ao analisar a situação da Igreja nesse país.
‘Mas, como não considerar que é uma oportunidade providencial o fato de que convivam juntas duas comunidades distintas por tradição, mas plenamente católicas, ambas orientadas a servir ao único Kyrios [Senhor, ndr.] e a anunciar o Evangelho?’, perguntou o Papa.
‘A unidade dos católicos, na diversidade de seus ritos, e o esforço por manifestá-la em cada um dos âmbitos mostra o rosto autêntico da Igreja Católica, e constitui um sinal sumamente eloqüente também para os demais cristãos e para toda a sociedade’.
Recordando que na Última Ceia Jesus rezou para que seus discípulos fossem uma só coisa, o pontífice reconheceu que esta oração do Senhor constitui ‘um convite a buscar a unidade sem se cansar’.
‘Se se consolidar a comunhão dentro das comunidades católicas, será mais fácil promover um fecundo diálogo entre a Igreja Católica e as demais Igrejas e comunidades eclesiais’, assegurou.
‘O ecumenismo é intensamente querido por vós, que durante longos séculos vivestes junto a vossos irmãos ortodoxos e com eles tratais de tecer um diálogo cotidiano que abraça muitos aspectos da vida’.
‘Que as dificuldades, os obstáculos e inclusive eventuais fracassos não detenham vosso entusiasmo para avançar nesta direção’, recomendou-lhes.
‘Com paciência e humildade, com caridade, verdade e abertura de espírito, o caminho que é preciso percorrer se torna menos árduo, sobretudo se não desfalece a perspectiva de fundo, ou seja, a convicção de que todos os discípulos de Cristo estão chamados a seguir seus passos, deixando-se guiar docilmente por seu Espírito, que sempre atua na Igreja’, concluiu o Papa.