Sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é de Cristo

Autor: Thácio Lincon Soares de Siqueira
Fonte: zenit.org

 

Na primeira fila um nutrido grupo de cardeais, bispos e várias autoridades civis e eclesiásticas. Entre os cardeais estava o arcebispo de Viena Christoph Schoenborn, o de Boston Sean O’Malley, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, o filipino Luis Antonio Tagle, o arcebispo de Mônaco Reinhard Marx, Donal Wuerl (Washington), Roger Mahony (Los Angeles), o ganense Peter Turkson, o australiano Georg Pell, o mexicano Norberto Rivera Carrera, John Tong (Hong Kong), Bernard Law,  o cardeal Giovanni Battista Re, o secretário de Estado Tarcisio Bertone.

 

“Também eu sinto no meu coração o dever de principalmente agradecer a Deus” disse Bento XVI. “Sinto de levar todos na oração, num presente que é aquele de Deus, onde coloco cada encontro, viagem, cada visita pastoral”.

 

Lembrando o 19 de abril de 2005, momento da sua eleição, elevou aos céus essa oração “Senhor, por que me pede isso e o que me pede? É um peso grande que me coloca nas costas, mas se o senhor me pede, nas suas palavras lançarei as redes, com a certeza de que me guiará, ainda com todas as minhas debilidades”.

A barca da igreja, nesses oito anos, passou por “momentos de alegria e luz, mas também momentos não fáceis”, porém, continuou Bento XVI “sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é sua”, e disse “O Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, sem dúvida também por meio dos homens que escolheu, porque assim o quis”.

 

Convidou todos a “renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certos de que aqueles braços nos sustentam sempre e é o que nos permite caminhar a cada dia, também no cansaço”. Que cada um de nós “sinta a alegria de ser cristão”.

 

“Um Papa não está só na direção da barca de Pedro, ainda que seja a sua primeira responsabilidade”, afirmou enquanto agradecia os seus colaboradores mais próximos. “Eu nunca me senti só ao levar a alegria e o peso do ministério petrino”.

 

O Papa agradeceu também “Principalmente vós, caros Irmãos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, começando pelo meu Secretário de Estado  que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Curia Romana”.

 

“O coração de um Papa se estende a todo o mundo”, disse Bento XVI referindo-se à natureza da Igreja, que não “é uma organização, uma associação com fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos”.

 

Referindo-se à sua renúncia assegurou que tomou “a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja” porque “Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas, tendo sempre diante o bem da Igreja e não a si mesmos”.

 

“Quem assume o ministério petrino não tem mais privacidade”, afirmou também o Papa, pois a partir do momento que se aceita o ministério Petrino o Papa “não se pertence mais, pertence a todos e todos pertencem a ele”.

 

Para um Papa, portanto, não existe a possibilidade de retornar mais à privacidade. Portanto, “Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc”, disse o Papa, porque “Não abandono a cruz, mas permaneço de modo novo junto ao Senhor Crucificado”.

 

Bento XVI esclareceu que continuará “a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que sempre procurei viver até agora a cada dia e que gostaria de viver sempre”.

 

“Deus guia a sua Igreja, a sustenta sempre também e principalmente nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo”, conclui o Santo Padre.

 

http://www.zenit.org/pt/articles/32511


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