Sem mudanças fica difícil

Empresário e um dos vice-presidentes da Federação das Indústrias de Minas, Sérgio Cavalieri acredita em boas perspectivas para 2013, mas reconhece que o empresariado iniciou 2012 mais animado. Ao final se frustrou com o baixo crescimento, cujos números ainda não estão fechados. Para Cavalieri é preciso que governo mude a política de ações pontuais para salvar setores em maior risco, embora reconheça nelas alguns avanços, para adorar medidas mais gerais, capazes de impulsionar a economia. Aqui, Sérgio Cavalieri (foto) chama a atenção para o fato do comércio estar crescendo mais do que a indústria. Quais as perspectivas da Fiemg para 2013. Elas são melhores do que as de 2012? Acredito que com certeza, não. Em 2012 nós começamos o ano mais animados do que terminamos, principalmente em relação ao crescimento econômico do país. Nós teremos um crescimento em 2012 bastante tímido e sem dúvida, muito abaixo do que o Brasil precisa, tendo em vista as carências sociais que o Brasil ainda tem. Estamos com o nível de desemprego bastante baixo, mas a defasagem de crescimento entre o comércio e a indústria é preocupante. O comércio cresce a 4, 5, 6% e a indústria está estagnada e em alguns casos, decrescendo e isso vai abrindo uma diferença, que é compensada pela importação.N ão é bom para o país, ficar tão dependente de importação. Precisamos retomar a posição mais forte da indústria, em termos de crescimento e aí vem toda a parte de investimento tecnológico, de inovação e é isso que faz a economia ficar mais fortalecida. Além do mais, precisamos evoluir também nas questões das grandes reformas. Mesmo que não façamos grandes reformas, mas evoluir constantemente no sentido de ter um ambiente de maior competitividade, que a indústria possa ser mais produtiva, termos trabalhadores mais educados, uma população mais educada, uma carga tributária que seja melhor aproveitada pelo governo e que retorne em benefícios para a população, menos burocracia, um ambiente mais favorável ao desenvolvimento de negócios, então as expectativas são boas, mas o dever de casa é muito grande. Os investimentos que o governo federal prometeu em logística ou acabaram se frustrando, ou estão muito lentos. Isso também é um problema para a indústria? Sem dúvida. Faz parte desses entraves todos que tem dificultado o Brasil a crescer em patamares mais robustos. Outros países da América Latina, economias que sempre foram menos desenvolvidas do que a economia brasileira estão crescendo a 5, a 6 ou 7%, então, alguma coisa está errada no Brasil. Nós temos que destravar essa armadilha que o Brasil criou para si mesmo para poder avançar mais rapidamente. A presidente Dilma tem privilegiado alguns setores da indústria, como a automobilística, deixando outros a deriva? Isso, acredito, seja um dos problemas. Qualquer ação no sentido de melhorar, dar mais competitividade para a indústria é boa, mas essas ações pontuais, elas não solucionam os problemas do país, que fica naquela coisa de apagar incêndio. A cada hora um setor entra em crise, então vamos apagar o incêndio daquele setor. Nós precisamos de mudanças mais estruturais gradativas como a reforma na questão trabalhista, que é tão difícil, para se reduzir carga, ter relações mais flexíveis. Os sindicatos amadureceram demais, então pode haver negociações diretas com os sindicatos. É preciso que a própria estrutura institucional do país evolua mais. A estrutura é muito arcaica, estabelecidas há décadas atrás e está fora de moda, fora de época com as necessidades que o mundo está impondo e nós precisamos avançar mais rapidamente.


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